Atualmente, o Brasil mais de 700 usinas hidrelétricas, correspondendo a aproximadamente 80% do território nacional, coberto por bacias hidrográficas. Dessas instalações, as de maior porte estão predominantemente situadas na região Norte do país.
A energia produzida pelas usinas brasileiras representa a principal fonte de abastecimento energético do país. Em 2022, elas desempenharam um papel significativo, sendo responsáveis por 67% da geração total de energia elétrica do país. Em outras palavras, a cada 100 kWh de eletricidade gerada no território brasileiro, 67 kWh provieram de fontes hidrelétricas.
Os desafios e impactos da geração hidrelétrica
Perda de biodiversidade
Inundação de áreas habitadas
Alterações no ecossistema aquático
Riscos hidrológicos
A ameaça dos mexilhões dourados para as usinas brasileiras
Além das preocupações anteriormente mencionadas, surge uma nova adversidade de origem animal, centrada em um molusco com potencial para ocasionar danos substanciais.
O mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), originário do Sudeste Asiático, é uma espécie de molusco invasor que representa uma séria ameaça ao meio ambiente e à economia brasileira. Sua chegada ao Brasil, em 1998, através da água de lastro de navios cargueiros, desencadeou uma disseminação rápida e alarmante dessa espécie por todo o país.
“Atualmente, este molusco estendeu sua área, atingindo o norte, até o Pantanal (ao longo do rio Paraguai), o estado de São Paulo e Minas Gerais, atingindo uma distância de 3.000 km do seu ponto inicial de entrada. Devido a esta ampla invasão, a América do Sul se tornou a região onde o Limnoperna fortunei encontra-se mais disseminado” (Sanson, 2018).
Esta ameaça se traduz na interrupção das operações das turbinas nas usinas hidrelétricas, bem como na obstrução das tubulações. Isso ocorre, na maioria, devido à notável capacidade desses moluscos de aderir a superfícies e se reproduzir de maneira prolífica.
Como pode ser observado nas imagens abaixo:
Com isso, os impactos da causados pela espécie são múltiplos:
Danos às estruturas hidráulicas
Parada de máquinas
Perda de geração e faturamento
Altos custos associados a limpeza e consumíveis (cloro) para limpeza ou descarga recorrente.
Altas velocidades desgastam o sistema de refrigeração prematuramente.
Mexilhões-dourados na usina de Sobradinho (BA)
Foto: Crédito: Cbei/ divulgação
Barreiras híbridas: combate efetivo à invasão de mexilhões dourados
As barreiras híbridas podem ser definidas como uma estratégia de controle da invasão de mexilhões dourados em equipamentos hidrelétricos. Combinando elementos físicos e químicos em uma abordagem integrada, elas são projetadas especificamente para impedir que os mexilhões acessem as instalações das usinas.
Os elementos físicos das barreiras híbridas compreendem:
— Redes, telas ou dispositivos similares que atuam como uma barreira física, obstruindo o acesso dos mexilhões às superfícies das usinas.
Por outro lado, os elementos químicos incorporados nas barreiras híbridas consistem em:
— Inibidores de crescimento, matadores, Tinopal-Fen-Et-7 (composto fenólico que impede a formação da concha dos mexilhões) e Biofouling Shield (composto orgânico que impede a fixação dos mexilhões às superfícies)
Outros exemplos de químicos utilizados para essa finalidade incluem:
- Hidróxido de sódio (NaOH): Álcali forte que dissolve a concha dos mexilhões.
- Sulfureto de cobre (CuSO₄): Sal de cobre que mata os mexilhões.
- Hipoclorito de sódio (NaOCl): Agente oxidante que mata os mexilhões.
Vantagens e desvantagens da utilização de barreiras híbridas:
Vantagens:
Eficácia aprimorada
Flexibilidade adaptativa
Aplicações diversificadas
Desvantagens:
Custo elevado
Complexidade de Manutenção
Barreiras químicas:
Toxicidade para peixes e outros organismos aquáticos
Degradação da qualidade da água
Impacto na biodiversidade
Compromisso com pesquisas e desenvolvimento contínuos
O objetivo das novas pesquisas a respeito das barreiras híbridas no Brasil é aprimorar ainda mais a eficiência e eficácia dessas soluções, ao mesmo tempo, em que se trabalha para reduzir os custos associados à sua implementação e manutenção e impactos na biodiversidade.
É fundamental continuar com o investimento científico e tecnológico para aprimorar ainda mais essa tecnologia, reduzir custos e expandir seu uso em todo o setor de energia hidrelétrica do Brasil. Somente assim poderemos assegurar a integridade das usinas, a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade a longo prazo das operações hidrelétricas brasileiras.