Muito se fala a respeito da geração de energia elétrica fazendo uso de fontes renováveis, como a geração eólica ou a partir da biomassa. São diversos os benefícios do uso destas técnicas, como uma menor emissão de carbono, um menor impacto ambiental e uma maior rentabilidade, uma vez que, como o próprio nome diz, as fontes se renovam naturalmente.
Todavia, como em qualquer outro processo, existem os desafios a serem superados, para que este se torne mais eficiente e confiável. Confira abaixo!
Quais são estes desafios?
1. Fatores econômicos: Observa-se um custo elevado nas tecnologias necessárias para a geração de energia renovável em comparação com as demais tecnologias concorrentes. Podemos citar como exemplo a tecnologia fotovoltaica, que ainda apresenta um valor mais significativo para instalação e manutenção que as fontes térmicas.
2. Impactos ambientais: Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco, voltada especificamente para as fazendas instaladas na Caatinga, apontou que a geração de energia por fonte eólica não é inofensiva. Existem impactos sobre a fauna, principalmente sobre morcegos e aves, que se chocam contra as hélices e acabam morrendo. Estes animais são importantes para o ecossistema, uma vez que realizam o controle de pragas.
3. Integração com a rede: Em se tratando de geradores convencionais, como as termoelétricas, temos uma linha de geração que pode se manter constante ou pode variar de acordo com a demanda da rede. Já no caso das energias renováveis, percebe-se uma dependência muito forte das questões climáticas para a geração de energia elétrica, o que causa uma variação na entrada de eletricidade a rede. Para isso, os geradores convencionais precisam ser capazes de compensar essa diferença, a fim de não afetar a estabilidade do sistema.
4. Competição com fontes tradicionais: A implementação das fontes de energia renováveis no sistema elétrico gera uma competição de mercado com as fontes antes estabelecidas. Essa competição é uma parte fundamental da transição para um sistema de geração mais limpo, e gira principalmente em torno dos custos de produção, relativamente mais caros que as fontes tradicionais.
5. Estabilidade do sistema: Não podemos falar sobre estabilidade do sistema sem citar o ocorrido no dia 15 de Agosto de 2023, em que 25 estados do país foram prejudicados devido à uma perturbação no subsistema do Nordeste. A falha ocorreu devido ao desempenho não esperado dos parques eólicos e fotovoltaicos, culminando na abertura do terminal de Quixadá da LT 500kV Quixadá – Fortaleza II. Esse desligamento foi realizado pelo próprio sistema de proteção do terminal, a partir de uma atuação acidental da lógica de fechamento sob falta. Tal ocorrência demonstra que ainda existem ajustes a serem vistos em relação à quão estável o fornecimento de energia a partir de fontes renováveis pode ser, fazendo considerações a respeito dos modelos utilizados para a previsão de balança de geração.
Temos que o Brasil é privilegiado em se tratando de sua matriz energética, uma vez capaz de prover uma boa quantidade da energia necessária para movimentar o país a partir de fontes renováveis como a solar, a eólica e a hidráulica. Alguns países, como Noruega, Dinamarca e Islândia, também apresentam consideráveis números, com sua geração provindo quase que exclusivamente da geração limpa.
Podemos citar ainda a geração distribuída, que contribui para o crescimento da utilização de fontes renováveis. Trata-se da geração de energia próxima ou no local de consumo, diferindo da geração convencional, realizada geralmente a grandes distâncias do ponto de fornecimento. Dentro desta, é possível citar tecnologias como cogeradores, geradores que fazem uso de resíduos combustíveis para geração, geradores de emergência, geradores para operação em horário de pico, painéis fotovoltaicos e pequenas centrais hidrelétricas.
E mesmo que existam desafios, muito já foi e vem sendo feito para que o sistema elétrico do país receba cada vez mais energia advinda de fontes renováveis. O balanço de energia já mudou muito em comparação há alguns anos atrás, e a tendência é que essas tecnologias com impactos negativos menores tomem cada vez mais força!