Gestão de Ativos e o Cenario do Setor Elétrico Brasileiro

A gestão de ativos e os desafios do setor elétrico brasileiro

Para garantir a excelência operacional e a disponibilidade de geração dentro dos padrões mínimos exigidos, é fundamental que as empresas detentoras de concessões adotem medidas relacionadas à gestão de ativos.
Tempo de leitura: 4 min

Os impactos da gestão de ativos na eficiência do setor elétrico brasileiro

A adoção de uma boa gestão de ativos, é imprescindível para as empresas detentoras de concessões. Elas por sua vez, devem se esforçar para manter a excelência operacional e assegurar a disponibilidade de geração conforme os padrões mínimos exigidos.

Além disso, o rápido crescimento do sistema de transmissão no mercado regulado exige o uso de novas tecnologias para lidar de forma eficiente e robusta com a expansão em extensão e complexidade. 

Também observa-se a falta de monitoramento adequado dos ativos e suas condições reais, o resultando em falhas em curto, médio ou longo prazo, comprometendo a vida útil dos equipamentos e gerando altos custos de manutenção corretiva, bem como prejuízos significativos causados pela interrupção da operação. 

Vale ressaltar que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) desempenha um papel fundamental ao regular e fiscalizar a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, estabelecendo uma estruturação sob regime de concessões que envolve alta regulamentação baseada em políticas e diretrizes pré-estabelecidas (Freitas Filho, 2020).

Desafios para implantação da gestão de ativos

Conforme a especificação britânica PAS-55 da British Standards Institution, um plano de gestão de ativos estabelece atividades para alcançar a estratégia definida e atingir objetivos ao longo do ciclo de vida dos equipamentos, incluindo aquisição, operação, manutenção e descomissionamento. 

No entanto, embora as empresas de transmissão nacionais tenham políticas de gerenciamento de ativos baseadas em histórico de eventos, ou informações instantâneas, essas políticas não cobrem a maioria dos equipamentos presentes. 

Como resultado, conforme os equipamentos envelhecem sem o devido acompanhamento, podem ocorrer falhas recorrentes, interrompendo o serviço e exigindo manutenções emergenciais custosas. 

Além das causas físicas e naturais relacionadas à degradação dos equipamentos, existem fatores funcionais, como obsolescência e inadequação, decorrentes do surgimento de equipamentos com novas tecnologias. 

Dessa forma, a decisão de reformar ou substituir um ativo é baseada em indicadores de condição do equipamento, os quais requerem um sistema de gestão que integre as informações e permita a redução dos custos de manutenção e melhor aproveitamento do ativo, resultando em uma melhoria operacional.

A adoção da gestão de ativos eficiente e a superação dos desafios

Frente as dificuldades de implantação e integralização de um sistema completo de gestão de ativos, atingir o nível ótimo do controle das condições dos equipamentos presentes em múltiplas linhas e subestações ainda é uma meta a ser atingida.

De acordo (Zampolli, 2012), uma pesquisa realizada em 30 empresas e 6 órgãos reguladores, constatou que poucas empresas possuem uma estratégia clara e um plano oficial de substituição, renovação ou reforço de ativos capaz de proporcionar a confiabilidade exigida e, ao mesmo tempo, gerar a rentabilidade e lucratividade esperada pelos acionistas.

As dificuldades ao acesso à implantação de práticas ineficientes de sistemas integrados, colaboram com essa situação, o que acarreta o planejamento incorreto da manutenção.

Por outro lado, nesta mesma pesquisa, pôde-se constatar que algumas empresas já a praticam e apresentam o maior domínio do gerenciamento de riscos em cada nível (estratégico, tático e operacional), além de uma capacidade de demonstrar aos órgãos reguladores: sistemas estruturados, de alta confiabilidade e qualidade que podem superar o desempenho exigido pelo mercado.

Tecnologia, medição e monitoramento como soluções

As técnicas de monitoramento online têm sido adotadas como a principal ferramenta para obter informações do sistema ou equipamento monitorado, sem colocar em risco a operação segura e a confiabilidade, permitindo o conhecimento de sua condição durante sua operação, além de poder, diagnosticar eventuais não conformidades. 

Nesse sentido, é necessária a migração da manutenção preventiva para a manutenção preditiva e da manutenção baseada no tempo para a manutenção baseada no estado real do ativo. 

Os prejuízos decorrentes das interrupções de energia, reforçam a necessidade de implantação de processos e ferramentas que possam realizar a avaliação das condições dos ativos e diagnosticar de forma preditiva e segura.

Definição do Problema

  • Ativos envelhecidos;
  • Desligamentos intempestivos;
  • Dificuldade na realização de diagnóstico de falha prematura em campo; e
  • O apoio na tomada de decisão é associado a laboratórios especializados e consequentemente, há uma sobrecarga de atividades ou letargia na decisão.

 Causados por:

  • Concessões antigas sem substituição dos ativos;
  • Maior probabilidade de falhas com o envelhecimento dos isolantes (dielétricos);
  • Ressecamento das estruturas de vedação e penetração de umidade;
  • Desgaste natural da operação e sobretensões transitórias;
  • Expansão de linhas e SE’s com mudanças de padronização;
  • Falta de ferramentas assertivas de diagnóstico em campo, associada a uma metodologia testada;
  • Erros de medição.

Culminando nas consequências:

  • Perda de faturamento da transmissora e pagamento de parcela variável;
  • Elevado custo de substituição de família de ativos;
  • Má qualidade do serviço de transmissão de energia;
  • Complexidade no relacionamento com fornecedores com ativos de falha prematura;
  • Dificuldade para uma gestão de forma ordenada para tomada de decisão e reduzir parcela variável.
Infografico - ciclo de excelência em gestão de ativos

Metodologia aliada à tecnologia

Desta forma, mesmo com a modernização do parque instalado, a necessidade de diagnóstico conclusivo, e não invasivo, é essencial para redução das falhas intempestivas, ou seja, novos equipamentos significam novos modos de falha. 

Ressalta-se ainda, que, as metodologias e periodicidade definidas pela ANEEL está ultrapassada em relação às melhores práticas de gestão e uso dos recursos.

No entanto, não há uma ferramenta computacional que abranja as especificidades das concessionárias e procedimento para área de concessão. Ou seja, não se trata apenas de novos equipamentos ou tecnologias, mas sim uma metodologia aplicada com equipamentos.

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Sobre o autor:

Raphael Ladeira

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